Ozempic para emagrecer: milagre moderno ou alerta vermelho?

Nos últimos meses, é difícil passar pelas redes sociais sem esbarrar em alguém falando sobre Ozempic ou outras “injeções do emagrecimento”. A promessa parece tentadora: perder peso sem esforço, com apenas uma aplicação por semana. Mas como médica nutróloga, preciso trazer luz para o outro lado dessa conversa — o lado que nem sempre aparece no Instagram.

O que é Ozempic?

Ozempic é o nome comercial da semaglutida, um medicamento aprovado inicialmente para o tratamento do diabetes tipo 2. Ele faz parte da classe dos análogos de GLP-1, hormônios que ajudam a controlar o açúcar no sangue, reduzem o apetite e aumentam a saciedade. Em doses específicas, passou a ser utilizado também em casos de obesidade ou sobrepeso com comorbidades, com bons resultados quando associado a mudanças de estilo de vida.

Por que tanta gente está usando para emagrecer?

A semaglutida age em áreas do cérebro ligadas à fome, e também retarda o esvaziamento do estômago, o que faz com que a pessoa se sinta satisfeita por mais tempo. Resultado? Redução natural da ingestão calórica e perda de peso progressiva.

Mas é aqui que mora o problema: isso não significa que todos podem — ou devem — usar.

A automedicação tem riscos sérios

Nos bastidores do “emagrecimento fácil”, cresce o número de pessoas utilizando esse tipo de medicação sem qualquer tipo de acompanhamento médico. Muitas vezes, compram sem prescrição, por revendedores informais ou até mesmo em redes sociais — o que é extremamente perigoso.

Entre os efeitos colaterais mais comuns estão náuseas, vômitos, diarreia, refluxo e constipação. Em casos mais graves, pode haver inflamação no pâncreas (pancreatite), alteração no funcionamento da vesícula, problemas renais e até piora de transtornos alimentares preexistentes.

Além disso, o uso inadequado pode gerar perda de massa magra (músculo), o que compromete o metabolismo e a saúde a longo prazo — especialmente em pessoas que treinam e querem preservar a composição corporal.

O risco dos medicamentos “alternativos”

Com a alta do Ozempic, surgiram também versões sem registro no Brasil, como o Monjauro (tirzepatida), que vem sendo trazido de forma ilegal dos EUA ou de sites não autorizados. O grande problema é que não há garantia de procedência, qualidade ou segurança nessas compras. Você pode estar injetando algo adulterado, contaminado ou ineficaz — e colocando sua saúde em risco.

Agora, só com receita médica

Devido ao uso indiscriminado, a Anvisa recentemente passou a exigir receita médica para a compra de medicamentos à base de semaglutida e tirzepatida. Essa mudança tem como objetivo proteger o paciente, garantindo que o uso seja feito com critério, segurança e dentro de uma conduta médica ética.

Emagrecer com responsabilidade é possível

Sim, a ciência avançou. Hoje temos mais recursos para ajudar quem luta contra o excesso de peso. Mas isso não muda o essencial: não existe atalho para um corpo saudável. O melhor caminho ainda é o da individualização — entender o que seu corpo precisa, tratar causas reais do ganho de peso (metabólicas, hormonais, comportamentais) e construir uma estratégia equilibrada e segura.

Medicamentos como Ozempic podem ser aliados importantes, mas jamais devem ser usados como substitutos de uma vida saudável — muito menos sem avaliação médica.

Por Dra. Eleonora Santi – Médica Nutróloga pela USP

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